Viagens
“Muere lentamente quien no viaja (...)”
Pablo Neruda
A primeira exposição temporária organizada pela AMRS e MAEDS no ano de 2015 apela à mudança, ao movimento, ao amor pelas viagens... Todas as viagens. Nela participam nove artistas fotográficos portadores de distintas perspectivas. A diversidade caracteriza a presente mostra. Não existe um fio condutor pelo qual se caminhe sem perigos. Cada autor é um universo, onde corremos o risco de nos perdermos e o prazer supremo de nos encontrarmos. Cada imagem é um monumento. Aqui todos os lugares têm nomes e biografias para descodificar. Desde as montanhas distantes de António Correia, até à procura da alteridade imediata em Barbara Polyak, de um modo geral todos os autores revelam paixão pelas viagens enquanto avenidas para a descoberta, para o encontro com o desconhecido, com o Outro, enfim para a superação do tempo, a nossa última fronteira. Os lugares longínquos e exóticos aqui trazidos por Francisco Borba, Guilherme Godinho, Manuel Gardete têm uma forte presença na exposição, mas outros olhares são possíveis para paisagens próximas como os Montes Hermínios, a que nos conduzem as imagens perfeitas de Maurício Abreu, recordando vestígios de glaciares antigos e da gente heróica que os habitou.
Outros fotógrafos como Mafalda Pires da Silva e Luis Pereira deixam-nos a nostalgia das grandes viagens, o bulício das partidas e das chegadas, cenários onde todas as acções podem ocorrer, estações centrais das grandes metrópoles, comboios, navios transatlânticos, inícios de viagem, o desejo de transformação, fuga para o futuro.
A concluir a exposição, a foto-instalação de Rosa Nunes introduz um outro conceito de viagem, mais no tempo que no espaço. A primeira viagem, como a designa, é afinal a que misteriosamente, envolta em indecisão e neblina, nos traz à vida. Dela cada um de nós possui uma memória não consciencializada, mas esse movimento circular, essa batida cardíaca, esse som confortável de água a envolver o corpo que a exposição nos proporciona transporta-nos para um tempo prévio. Paisagens de secreta universalidade onde visceral e emocionalmente nos reconhecemos.
Joaquina Soares
Pablo Neruda
A primeira exposição temporária organizada pela AMRS e MAEDS no ano de 2015 apela à mudança, ao movimento, ao amor pelas viagens... Todas as viagens. Nela participam nove artistas fotográficos portadores de distintas perspectivas. A diversidade caracteriza a presente mostra. Não existe um fio condutor pelo qual se caminhe sem perigos. Cada autor é um universo, onde corremos o risco de nos perdermos e o prazer supremo de nos encontrarmos. Cada imagem é um monumento. Aqui todos os lugares têm nomes e biografias para descodificar. Desde as montanhas distantes de António Correia, até à procura da alteridade imediata em Barbara Polyak, de um modo geral todos os autores revelam paixão pelas viagens enquanto avenidas para a descoberta, para o encontro com o desconhecido, com o Outro, enfim para a superação do tempo, a nossa última fronteira. Os lugares longínquos e exóticos aqui trazidos por Francisco Borba, Guilherme Godinho, Manuel Gardete têm uma forte presença na exposição, mas outros olhares são possíveis para paisagens próximas como os Montes Hermínios, a que nos conduzem as imagens perfeitas de Maurício Abreu, recordando vestígios de glaciares antigos e da gente heróica que os habitou.
Outros fotógrafos como Mafalda Pires da Silva e Luis Pereira deixam-nos a nostalgia das grandes viagens, o bulício das partidas e das chegadas, cenários onde todas as acções podem ocorrer, estações centrais das grandes metrópoles, comboios, navios transatlânticos, inícios de viagem, o desejo de transformação, fuga para o futuro.
A concluir a exposição, a foto-instalação de Rosa Nunes introduz um outro conceito de viagem, mais no tempo que no espaço. A primeira viagem, como a designa, é afinal a que misteriosamente, envolta em indecisão e neblina, nos traz à vida. Dela cada um de nós possui uma memória não consciencializada, mas esse movimento circular, essa batida cardíaca, esse som confortável de água a envolver o corpo que a exposição nos proporciona transporta-nos para um tempo prévio. Paisagens de secreta universalidade onde visceral e emocionalmente nos reconhecemos.
Joaquina Soares